BRASIL VENCE E CONQUISTA VAGA NA COPA


Brasil vence primeira com Ancelotti e assegura presença na Copa do Mundo de 2026

Seleção bateu o Paraguai por 1 a 0, na primeira vitória da era Ancelotti

Seleção fura retranca do Paraguai na Neo Química Arena, em São Paulo, e carimba seu passaporte para o Mundial sediado na América do Norte

11 Jun 2025 - Folha de S.Paulo
Luciano Trindade

Em seu segundo jogo à frente da seleção, Carlo Ancelotti, que completou 66 anos nesta terça (10), conquistou sua primeira vitória. Mais do que isso: o triunfo por 1 a 0 sobre o Paraguai, na Neo Química Arena, em São Paulo, confirmou a classificação da equipe para a Copa do Mundo de 2026.Nelson Almeida/afpO camisa 10 da seleção brasileira, Vinicius Junior, celebra o gol que deu ao Brasil a vitória e a classificação à Copa de 2026

Depois da derrota da Venezuela para o Uruguai, por 2 a 0, em partida que começou cerca de uma hora e meia antes de a bola rolar em Itaquera, bastava à formação brasileira vencer seu compromisso para alcançar a meta.

Terceiro na tabela das Eliminatórias, com 25 pontos somados, o Brasil abriu sete de vantagem sobre a Venezuela, que está em sétimo lugar, na zona de repescagem, a duas rodadas do fim do certame. Assim, na pior das hipóteses, o time dirigido por Ancelotti terminará o torneio qualificatório na sexta posição, que vale vaga direta na Copa do Mundo.

Não foi fácil. O Paraguai adotou em São Paulo uma forte retranca, buscando o empate que o classificaria para o Mundial. Diferentemente do que apresentou na estreia do técnico italiano, no empate sem gols com o Equador, o Brasil teve mais a bola e buscou alternativas ofensivas.

Ciente de que o adversário adotaria estratégia bem diferente da usada pelo Equador, o treinador mexeu na equipe na tentativa de destravar um futebol mais envolvente. Com a volta de Raphinha, que retornou de suspensão e teve a companhia de Gabriel Martinelli, Matheus Cunha e Vinicius Junior na frente, a seleção brasileira passou boa parte do jogo no ataque, rodando a bola, até abrir os espaços na defesa paraguaia.

Embora tenha criado poucas chances claras no primeiro tempo, conseguiu abrir o placar aos 43 minutos, quando Matheus Cunha roubou a bola e a carregou antes de servir Vinicius Junior, que fez o desvio na pequena área.

O gol foi fundamental para manter a torcida paulista ao lado do time. Mais de 45 mil estiveram no estádio a despeito do frio de 13°C. Enquanto o placar estava zerado, protestaram contra os atletas paraguaios que tentavam ganhar a tempo a cada interrupção.

Nem com o gol de Vinicius o Paraguai se expôs. A equipe comandada pelo argentino Gustavo Alfaro manteve uma formação cautelosa e arriscou um pouco mais apenas na meia hora final, levando perigo em bolas paradas. O Brasil conseguiu neutralizar essas investidas e sustentou a vitória.

A seleção, assim, selou sua classificação no mesmo palco em que o fizera nas duas Eliminatórias anteriores. Foi também no estádio do Corinthians que o time se classificou aos Mundiais de 2018 e 2022.

O jogo desta terça foi o sexto da seleção na Neo Química Arena, e a vitória a manteve com 100% de aproveitamento no local. São, agora, quatro vitórias pelas Eliminatórias, uma pela Copa América de 2019 e uma na abertura do Mundial de 2014, 3 a 1 sobre a Croácia.

A confirmação com duas rodadas de antecedência dará a Ancelotti tranquilidade para fazer testes nos próximos jogos da seleção —algo raro nos últimos tempos.

Mesmo com a mudança no formato, com seis países classificando-se diretamente ao Mundial, a jornada irregular da seleção brasileira impediu que esse tipo de trabalho pudesse ser feito com mais tempo, como faz, por exemplo, a Argentina. Os atuais campeões mundiais garantiram vaga em março, na 14ª rodada, com goleada sobre o Brasil, por 4 a 1.

Desde a sua chegada, Ancelotti tem sido abraçado por torcedores e por boa parte da imprensa, sobretudo por seu sucesso no Real Madrid. Por isso a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), topou pagar cerca de R$ 5 milhões por mês para contar com o italiano em seu corpo técnico.

O principal objetivo com o investimento é brigar pelo título da Copa do Mundo de 2026.

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Brasil 1 x 0 Paraguai

BRASIL
Alisson, 

Vanderson (Danilo), Marquinhos, Alex e Alex Sandro (Beraldo); 

Casemiro e Bruno Guimarães; 

Raphinha, Gabriel Martinelli, Matheus Cunha (Gerson) e Vini Jr. (Richarlison).

Técnico Carlo Ancelotti

PARAGUAI
Gatito Fernández; 

Cáceres, Gustavo Gómez, Alderete e Junioralonso (Sandes); 

Diego Gómez (Angel Romero), Andres Cubas, Almiron (Gamarra), Villasanti (Bobadilla) e Enciso; 

Sanabria (Avalos). 

Técnico Gustavo Alfaro

LOCAL Neo Química Arena, em SP. 
ÁRBITRO Facundo Tello (ARG). 
GOLS Vini Jr., aos 44 minutos do 1º tempo

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Passado, presente e futuro

Pasolini escreveu que a poesia brasileira ganhou a Copa de 1970; o mundo mudou

Hoje, o clichê dos anos 1960 e 1970 de que se formava um craque a cada semana no Brasil e os europeus eram cintura-dura, não existe há muito tempo. Os craques estão em todos os continentes

Tostão
Cronista esportivo, participou como jogador das Copas do Mundo de 1966 (Inglaterra) e 1970 (México). É formado em medicina

Após a Copa de 1970, o poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini escreveu que a poesia brasileira, a beleza, a improvisação e a fantasia tinham derrotado a prosa italiana, organizada e previsível. Não foi bem assim. A seleção brasileira, dirigida por Zagallo, era prosa e poesia.

Na mesma época, o poeta, escritor e músico Chico Buarque disse que os europeus eram os donos do campo, pela distribuição e pela ocupação dos espaços, enquanto o Brasil era o dono da bola, pela habilidade e pelo carinho com que a tratava.

O mundo e futebol mudaram, 50 anos, uma eternidade. Após a Segunda Guerra, a Europa, bastante destruída, iniciou a recuperação econômica e social, que se refletiu no futebol. Perceberam que, para melhorar o espetáculo, atrair o público e ganhar dinheiro, precisavam formar mais talentos, melhorar os gramados, o calendário e a arbitragem e diminuir a violência dentro e fora dos estádios. É o que o Brasil ainda não fez.

Com o tempo, além dessa evolução, passaram a contratar os bons jogadores de outros continentes e contar com a ajuda importante dos migrantes, que agora querem diminuir seguindo o modelo hediondo dos Estados Unidos. Hoje, o clichê dos anos 1960 e 1970 de que se formava um craque a cada semana no Brasil e os europeus eram cintura-dura, sem habilidade, não existe há muito tempo. Os craques estão presentes em todos os continentes.

Os europeus saíram também na frente nas mudanças estratégicas, especialmente nas duas últimas décadas, com o aumento da intensidade do jogo, a compactação entre os setores e a marcação mais de perto por todo o campo, desde a saída de bola do adversário. Apenas recentemente, com o grande aumento de treinadores portugueses e argentinos, os times brasileiros passaram a adotar uma postura mais moderna, embora ainda timidamente.

Outra grande mudança na

Europa foi a valorização dos meio-campistas que jogam de uma intermediária à outra.

Marcam, constroem e avançam. No Brasil, ocorreu o contrário, ao dividirem o meio-campo entre os volantes que marcam e os meias que atacam. Depois de Falcão e Cerezo, craques da Copa de 1982, o Brasil não teve um único meio-campista de grande prestígio mundial. Enquanto isso, os europeus tiveram Zidane, Kroos, Modric, Xavi, Iniesta e tantos outros que encantaram o mundo. Nenhum era o clássico camisa 10 que o Brasil tanto pede.

Isso precisa mudar. Repito, pela milésima vez, o Brasil não tem um grande craque no meio-campo porque não forma. Os jogadores de meio-campo com grande talento são deslocados desde as categorias de base para atuar mais perto do gol, pelo lado ou pelo centro. É preciso unir o passe especial do meio-campista com o drible espetacular dos meias mais avançados. Assim como o drible é o símbolo da individualidade, da habilidade, o passe representa o jogo coletivo. Os dois são essenciais.

No final de semana, começará a Copa do Mundo de Clubes, pela primeira vez com um enorme número de participantes de vários continentes. É jogo demais, mais uma competição para a Fifa, as federações de cada país e os investidores ganharem muito dinheiro. Os jogadores, especialmente os europeus, no mínimo, deveriam protestar, pois nesta época estariam de férias após uma temporada extremamente cansativa.


DOM. Tostão, Juca Kfouri SEG. Juca Kfouri TER. Sandro Macedo QUA. Tostão QUI. Juca Kfouri SEX. No Corre/o Mundo é uma Bola SÁB. Marina Izidro

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