Habemus técnico: como vai jogar o Brasil?

3 May 2025 - O Estado de S. Paulo.
Mauro Beting 
email: maurobeting@ uol.com.br 
SAB. Marcel Rizzo 
DOM. Mauro Beting

Otreinador mais vencedor da Europa desde 1956 assume a seleção mais vencedora do planeta desde 1930. São fatos.

O melhor técnico da história do Real Madrid (na minha opinião), um dos que mais evoluíram nos últimos anos (idem), acerta com a CBF. Ou muito melhor: a entidade acerta demais ao contratar o treinador que vivenciou e extraiu o melhor de Vinícius Jr. E que já conhece bem Rodrygo, Endrick e Militão. E também Casemiro que tanto merece nova chance.

Ancelotti pode morar onde quiser – como o campeão mundial Lionel Scaloni mora em Valencia... Basta passar alguns dias pelo Brasil. Com uma ótima comissão técnica – se possível com observadores experientes aqui no País. Quase todos os rivais do Brasil atuam na Europa. Os principais atletas brasileiros, também. Quanto mais ele puder observar o futebol na Europa, muito melhor.

Vai faltar tempo para fazer o trabalho dele? Felipão estreou em 1.º de julho de 2001 e foi penta em 30 de junho de 2002. Parreira começou em 30 de outubro de 1991 para ser tetra em 17 de julho de 1994. Zagallo assumiu a Canarinho em 16 de março de 1970 para ser tri em 21 de junho de 1970 com a melhor equipe de todos os tempos – também por ter passado ele – e João Saldanha – 122 dias com um elenco espetacular. Aymoré Moreira estreou na seleção em 30 abril de 1961 e foi bi mundial em 17 de junho de 1962. Vicente Feola estreou em 4 de maio de 1958 e o Brasil foi campeão em 29 de junho.

Tempo tem. Treinador, agora tem. Presidente da CBF? Saberemos.

Como vai jogar o Brasil? Só com a bola rolando saberemos. Mas não deve variar de um 4-3-3 com a bola, e possivelmente com dois bem conhecidos (Rodrygo e Vini); sem a pelota, um 4-4-2 que ele bem sabe montar e remontar.

O desafio maior é ele se adaptar a uma das características de décadas da seleção, independente da fase. O fato de quase nenhuma equipe atacar o Brasil. Dificilmente ele vai conseguir encaixar contragolpes bem articulados como as equipes dele fazem, até pelo

DNA italiano. Nada, porém, que pela qualidade e rodagem, ele não tire de letra.

‘MEZZO BRASILIANO’. O jogo de despedida da Carlo Ancelotti do Milan, da Itália e do futebol foi em 1992. Brasil 1 a 0. Gol de Careca encerrando a invencibilidade de 40 jogos do Milan. Escolha feliz de rival. Desde a Roma de Falcão e Cerezo, Carletto adora o futebol brasileiro. Como ótimo meio-campista que foi, como excelente treinador que é. Dos poucos que evoluíram muito no banco. Hoje, ainda melhor do que era quando campeão da Europa pelo Milan, em 2007.

Ancelotti reconhece o talento nacional. E vai bater um bolão por ter algumas das características campeãs dos técnicos pentacampeões pelo Brasil.

De Vicente Feola, o primeiro, em 1958, Ancelotti tem o perfil baixo. Na dele. Respeitador e muito respeitado.

Soube, como Feola foi auxiliar de Béla Guttmann no São Paulo campeão paulista de 1957, também ser fidelíssimo escudeiro de Arrigo Sacchi, na Itália vice mundial para o Brasil de Parreira, em 1994 – outro detalhista técnico, bastante estudioso – como Ancelotti.

O Líder Calmo é o segundo dos três livros que lançou. Autoexplicativo. Não cola muito com o perfil de Felipão (penta em 2002) e Zagallo (tri em 1970). Mas do gaúcho tem o apreço de formar grupos coesos e “familiares”. De cobranças severas – as internas. E, de Zagallo, tem o apreço por bons sistemas defensivos. Só não é tão estratégico e inventivo quanto foi Aymoré Moreira, o comandante do bi mundial, em 1962. 

• COMENTARISTA DO SBT, TNT SPORTS, JOVEM PAN E EFOOTBALL. DOCUMENTARISTA E ESCRITOR, CURADOR DO MUSEU PELÉ E DO MUSEU DA SELEÇÃO BRASILEIRA

Commenti

Post popolari in questo blog

Dalla periferia del continente al Grand Continent

Chi sono Augusto e Giorgio Perfetti, i fratelli nella Top 10 dei più ricchi d’Italia?

I 100 cattivi del calcio