Ednaldo apressa anúncio para abafar audiência na Justiça do Rio de Janeiro


Ednaldo Rodrigues, em Assembleia da CBF, em março, 
quando federações e clubes da Série A e B o reelegeram presidente

Dirigente é alvo de denúncias no Conselho de Ética da CBF, que não se manifesta apesar de os casos poderem afetar a permanência do cartola

13 mag 2025 - Folha de S.Paulo
Gabriel Vaquer e Luciano Trindade

Ednaldo Rodrigues teve pressa, “bota pressa nisso”, para fechar com Carlo Ancelotti e fazer o anúncio da contratação do técnico nesta segunda (12), contou à Folha uma fonte próxima ao presidente da CBF. Divulgação - 24.mar.25/cbf Ednaldo Rodrigues, em Assembleia da CBF, em março, quando federações e clubes da Série A e B o reelegeram presidente

O cartola queria abafar sua convocação para comparecer na tarde desta segunda a audiência no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que apura a autenticidade da assinatura de Antônio Carlos Nunes Lima, o Coronel Nunes, no acordo que validou a primeira eleição vencida por Ednaldo.

Ex-vice da CBF, Nunes foi chamado, mas seu advogado, André Mattos, alegou que, por motivos de saúde, ele não poderia ir ao tribunal. A audiência foi adiada.

O ex-cartola foi signatário no TAC (Termo de Ajuste de Conduta) assinado entre o Ministério Público e a CBF para evitar questionamento sobre o processo que levou Ednaldo à presidência da entidade. A atuação do MP no tal acordo é questionada.

Daqui a 16 dias, em 28 de maio, o STF dará continuidade ao julgamento que avalia a legitimidade do Ministério Público para firmar acordo com entidade esportiva. Ednaldo se sustenta por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, relator do caso. Agora, a Corte vai referendar ou não a liminar.

Além disso, a deputada Daniela Carneiro (União Brasil-rj) protocolou petição solicitando o afastamento do cartola, baseando seu pedido em laudo que questiona a autenticidade da assinatura do Coronel Nunes no TAC.

Mesmo que supere os obstáculos no TJ e no STF, Ednaldo Rodrigues terá mais dois processos a enfrentar. Nesta segunda, a Comissão de Ética da CBF acolheu duas denúncias contra o cartola.

Uma foi aberta após o vereador Marcos Dias Pereira (Podemos-rj), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, levar ao MPT (Ministério Público do Trabalho) denúncias que recebeu de funcionários da CBF sobre assédio moral e sexual, perseguição, humilhação, além do descumprimento de TAC firmada com o MPT contra essas práticas.

A segunda denúncia foi aberta a partir da petição da deputada Daniela Carneiro. Nos dois casos, a Comissão de Ética iniciará apuração interna. Procurada, a CBF disse que “não comenta assuntos levados à Comissão de Ética. A comissão é um órgão independente”. Na entidade, porém, o clima é de pessimismo. Derrota em qualquer frente em que o cartola é investigado pode culminar em seu afastamento definitivo.

Daí a pressa de Ednaldo para anunciar Ancelotti antes que a turbulência prejudicasse a negociação. Além de condições de trabalho, como salários, bônus e metas, o técnico se preocupava com as incertezas na entidade.

Chamou a atenção que a CBF anunciou o acerto com o italiano antes de manifestação oficial do Real Madrid. O comunicado sobre o treinador foi publicado às 10h53 no site da entidade. Às 15h, não havia posição no portal do clube. Nem o próprio Ancelotti havia se manifestado a respeito.

A entidade confia que ele estará presente na próxima convocação da seleção, em 26 de maio, para enfrentar Equador (5 de junho) e Paraguai (dia 10).

Desejo antigo de Ednaldo, a negociação com o técnico teve desfecho após foi ligação do presidente da CBF para o mandatário do Real Madrid, Florentino Pérez, pedindo autorização para retomar a negociação. E o cartola intercedeu para que o técnico recebesse o que teria direito mesmo com a rescisão antecipada.

Ao profissional a CBF topou oferecer salário de R$ 60 milhões anuais —R$ 5 milhões por mês, perto do que ganha no Real. Isso deve posicionar Ancelotti, 65, como o mais bem pago entre aqueles que comandam seleções.

***

Marcos Guedes
Técnico chega à seleção brasileira sem nada a perder

O tortuoso caminho que levou Carlo Ancelotti à seleção brasileira lhe dá pouco tempo para arrumar a casa até a Copa do Mundo de 2026. Também estabelece um cenário singular, no qual o italiano de 65 anos tem muito mais a ganhar do que a perder.

Tivesse chegado logo após o Mundial do Qatar, ele se veria diante da responsabilidade de construir um time, tijolo a tijolo. Mas a CBF passou dois anos e meio mais preocupada com questões políticas e judiciais do que com projetos esportivos, e agora Ancelotti desembarca como candidato a salvador de uma pátria que nem é a sua.

Se a seleção fracassar, não terá sido culpa de Carletto —como é chamado por Falcão, seu companheiro nos tempos de Roma. Parece hercúlea a tarefa de levar ao título mundial a equipe que teve três erráticos treinadores nos últimos 29 meses, entre interinos e quase isso, com 50% de aproveitamento nas Eliminatórias.

Se a seleção triunfar, terá sido muito por causa de Ancelotti, que ampliará a sua mística. Construída com caretas, maleabilidade tática e capacidade notável de lidar com os jogadores, sejam eles jovens promissores, craques estabelecidos ou atletas medianos.

Na trajetória que fez dele o técnico de clubes mais vitorioso do futebol europeu —os números não dão conta de seu tamanho—, Carlo viu quatro atletas levarem a Bola de Ouro sob suas asas. Um deles foi Kaká, que levou o prêmio em 2007, no Milan, e o considera o melhor técnico com quem trabalhou.

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