ARTUR JORGE: O REI ERUDITO



LUTO - Jogador, treinador, sindicalista, amante de arte. Aos 78 anos, partiu uma figura histórica 

Teve uma relação privilegiada com os golos, os livros e a arte. Bola de Prata pelo Benfica, campeão europeu pelo FC Porto, trilhou o mundo e marcou gerações.

23 Feb 2024 - O Jogo
ANA LUÍSA MAGALHÃES
CARLOS GOUVEIA Ex-jogador

“O Presidente da República lamenta a morte do treinador de futebol Artur Jorge, apresentando à sua família as mais sentidas condolências” 
- Marcelo Rebelo de Sousa Presidente da República

“Será sempre recordado como o primeiro treinador português campeão europeu e como uma personalidade marcante no futebol português”
- João Paulo Correia Sec. Estado da Juv. e do Desporto

“Marcou um período de ouro da Académica (1965-1969), que ia conquistando um campeonato e uma Taça de Portugal e foi às competições europeias” 
- Miguel Ribeiro, Presidente da Académica

“Iniciou a carreira de treinador ao serviço do Vitória SC em 1980/81. É uma perda enorme para o futebol português”
Comunicado V. Guimarães

“A dignidade do futebolista também teve nele uma marca e uma referência. Para mim, como benfiquista, recordo a subtileza e mestria, aqueles golos de cabeça" 
- Fernando Seara, Presidente da MAG do Benfica

“Em 1991, o PSG contratou essa personagem erudita e francófona com o objetivo de conquistar um segundo título de campeão de França"
- Comunicado do PSG

Um apaixonado pelo melhor que a vida tem para preencher a alma e que nos deu o privilégio de incluir o futebol nesse lote. Aos 78 anos, o antigo futebolista, treinador, sindicalista e escritor faleceu “serenamente, rodeado dos seus familiares”, em Lisboa. As reações chegaram de todo o lado, à medida do impacto que deixou. Das Bolas de Prata pelo Benfica ao primeiro título europeu do FC Porto, numa viagem que trilhou todos os cantos do Mundo. Houve Académica e Belenenses, mas também Al Nassr, esse mesmo, porque Artur Jorge Braga de Melo Teixeira tinha o hábito de estar à frente do tempo.

Nasceu a 13 de fevereiro de 1946, no Porto, na Lapa. Ao mesmo tempo que mostrava aplicação nos estudos, despertou a atenção de José Maria Pedroto, que o levou para a formação do FC Porto. É de azul e branco que se estreia como profissional, em 1964/65, e é na Académica que começa a relação privilegiada com o golo. Os falecimentos da mãe aos 17 anos e do pai aos 20 abalaram-no bastante, mas o futebol sempre lhe deu um caminho. Foi também em Coimbra que prosseguiu os estudos: escolheu filologia germânica (concluiu em 1975) e integrou a república Ninho dos Matulões, antirregime e ligada à revolta estudantil de 1969. Mas naquela marcante final da Taça de Portugal, contra o Benfica, em que os jogadores da Académica se uniram aos protestos dos estudantes, Artur Jorge não estava, sem dispensa do serviço militar.

Rumou aos encarnados na época seguinte e fez parte de uma geração fabulosa, com Eusébio, Humberto Coelho, António Simões e muitos outros. Foram 104 golos em 131 jogos, num percurso que só não foi mais impressionante por culpa de (mais) uma lesão grave. Defendeu Belenenses e Rochester Lancers (EUA) no final da carreira. Para a história, além das 16 internacionalizações por Portugal, fica também a fundação do Sindicato dos Jogadores, do qual foi o primeiro presidente.

No banco, outra vez Pedroto: quis Artur como adjunto no V. Guimarães e indicou-o como sucessor no FC Porto. A palestra ao intervalo, em Viena, deu início a uma reviravolta épica contra o Bayern Munique, na finaldaTaçadosCampeõesEuropeus. O primeiro português a assinar esse feito. Foi campeão pelo PSG e infeliz no Benfica, em 1994/95, com uma liderança muito contestada. Operado a um tumor na cabeça,começavaafasedescendente da carreira, mas ainda orientou a Suíça no Euro’96, Portugal logo a seguir e os Camarões dez anos depois. Pelo meio andou por Espanha, Países Baixos, Arábia Saudita, Rússia, Kuwait e Argélia, onde encerrou a carreira. Era hora de desfrutar da família, da música, do teatro, cinema e literatura.

O velório decorre hoje, das 19h00 às 22h00, na Basílica da Estrela, Lisboa, no mesmo local onde se realiza o funeral, amanhã, às 14h00. Haverá um minuto de silêncio em todos os jogos de Liga e FPF. O JOGO endereça as mais sentidas condolências à família enlutada.


ARTUR JORGE Braga de Melo Teixeira

Nacionalidade: Portuguesa
Naturalidade: Porto
Clubes como jogador: FC Porto, Académica, Benfica, Belenenses e Ronchester Lancers (EUA) Títulos como jogador: 4 campeonatos nacionais e 2 Taças de Portugal
Prémios individuais: Melhor marcador do campeonato (1970/71 e 1971/72)
Clubes como treinador: Belenenses, Portimonense, FC Porto, Matra Racing (FRA), Paris Saint-Germain (FRA), Benfica, Tenerife (ESP), Vitesse (PB), Al Nassr (ARA), Al Hilal (ARA), Académica, CSKA Moscovo (RUS), Al Nasr (KUW), Créteil-Lusitanos (FRA) e MC Alger (ARG) Seleções como treinador: Portugal, Suíça e Camarões
Títulos como treinador:  3 campeonatos nacionais (1984/85, 1985/86 e 1989/90), 3 Supertaças Cândido de Oliveira (1984/85, 1986/87 e 1990/91), 1 Taça de Portugal (1990/91), 1 campeonato francês (1993/94), 1 Taça de França (1992/93), 1 Troféu dos Campeões (1998/99), 1 campeonato da Arábia Saudita (2001/02), 1 Supertaça da Rússia (2003/04) e 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus (1986/87)

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