Carrasco de Ancelotti na Espanha, Raphinha é trunfo para melhorar ataque brasileiro


Nelson Almeida - 2.jun.25/afp Ancelotti (à esq.) 
e Raphinha durante treinamento

Atacante do Barcelona, que castigou o Real Madrid comandado pelo italiano na última temporada, volta à seleção após cumprir suspensão São Paulo

7 Jun 2025 - Folha de S.Paulo
Lucas Bombana

Após a partida de estreia de Carlo Ancelotti com uma defesa firme da seleção brasileira, mas com o meio-campo e o ataque ainda carentes de boas jogadas, o atacante Raphinha, 28, destaque do Barcelona contra o Real Madrid comandado pelo italiano na temporada passada, pode ser agora um reforço importante para o técnico no próximo compromisso do Brasil em busca da vaga na Copa do Mundo.

Um dos nomes cotados para os prêmios de melhor jogador do mundo pelo desempenho destacado do trio que forma ao lado de Lamine Yamal e Robert Lewandowski no ataque do time catalão, o atacante gaúcho é o artilheiro do Brasil nas Eliminatórias, com 5 gols em 10 jogos, e deve voltar a figurar entre os 11 titulares contra o Paraguai na terça-feira (10), depois de cumprir suspensão no empate contra o Equador.

Após atuação pobre do ataque brasileiro contra os equatorianos, com Vinicius Jr. e Estêvão isolados nas pontas e Richarlison pelo meio pouco acionado, Ancelotti já indicou o retorno do atacante do Barcelona na partida que acontece na Neo Química Arena, em Itaquera, a partir das 21h45 (horário de Brasília).

“Não há muito tempo para trabalhar, mas podemos melhorar, porque a qualidade que temos é muito alta. A nível ofensivo vamos melhorar, porque hoje faltou um jogador muito importante que é o Raphinha”, disse o treinador em entrevista pós-jogo em Guayaquil.

Na temporada 2024/25, o Barcelona venceu os cinco duelos contra os merengues —contribuindo para a rescisão antecipada do treinador com o time da capital espanhola e o acerto com a seleção—, com grande atuação do brasileiro em momentos decisivos.

Na final da Supercopa da Espanha, Raphinha teve atuação de gala e foi eleito o melhor da partida com dois gols e uma assistência, conduzindo a virada do Barcelona por 5 a 2 rumo ao título.

Ele voltou a brilhar em jogo na reta final do Campeonato Espanhol que deixou o Barça com a mão na taça, quando o Real Madrid chegou a abrir 2 a 0 com Mbappé e viu os catalães virarem para 4 a 3, com dois de Raphinha.

No primeiro turno, em pleno Santiago Bernabéu, o Barcelona já havia vencido por 4 a 0, com o brasileiro encerrando a goleada com um golaço encobrindo o goleiro.

Nesta sexta-feira (6), ele foi eleito o melhor jogador do campeonato na temporada passada. “Raphinha conseguiu um total de 18 gols nesta temporada e distribuiu 9 assistências”, disse a Laliga.

Dessa forma, Raphinha chega com moral no seu retorno à seleção contra os paraguaios, voltando depois da atuação apagada —junto com todo o time— na goleada por 4 a 1 contra a Argentina, em Buenos Aires. A dúvida é se ele deve entrar no ataque, no lugar de Estêvão ou Richarlison, ou mais recuado no meio na armação, substituindo Gerson ou Bruno Guimarães.

Faltando três rodadas para o fim das Eliminatórias Sul-americanas, o Brasil é o quarto colocado, com 22 pontos.

O time paraguaio comandado por Gustavo Alfaro está uma posição à frente com 24 pontos e vem embalado após vitória por 2 a 0 contra o Uruguai no Defensores del Chaco, em Assunção, chegando ao nono jogo de invencibilidade. No confronto entre as duas seleções no primeiro turno, o Brasil de Dorival Júnior jogou mal fora de casa e perdeu por 1 a 0.

***

O recomeço da seleção, agora com Ancelotti

Victor Mather

Estreia do treinador italiano repercutiu mundo afora, para o bem e para o mal

Marina Izidro É jornalista, cobriu sete Olimpíadas, duas Copas e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

Pronto. Agora os europeus perceberam o que para nós estava claro havia muito tempo: o mal que quase três anos de tempo perdido e má gestão de uma confederação fizeram para a seleção brasileira.

“Golpe de realidade para Ancelotti: esse Brasil é uma sombra do que foi”, era a manchete da crônica do jornal espanhol Marca. “O placar dá uma ideia do tamanho da tarefa”, disse na TV o apresentador da rede britânica BBC.

A estreia de Carlo Ancelotti como treinador colocou os holofotes do mundo esportivo no Brasil. É claro que o empate sem gols com o Equador não é culpa do italiano. Ninguém espera um milagre de um dia para o outro de um técnico que, por melhor que seja, só tem dez dias de trabalho. Mal chegou, já precisou fazer a primeira convocação. Desfalques de nomes como Raphinha, Rodrygo e Gabriel Magalhães também não ajudaram.

Mas não tem como sair satisfeito com um resultado contra uma seleção que faz poucos gols e não vence o Brasil há mais de 20 anos. Os nove gols em Espanha 5 x 4 França, no mesmo dia, pela Liga das Nações, diante de apenas duas finalizações do Brasil em direção ao gol, aumentaram o choque de realidade.

O resultado ainda não classificou o Brasil para a próxima “inflada” Copa do Mundo —no mesmo dia, até o Uzbequistão conseguiu vaga.

Eu estava ansiosa para ver a partida, mas o fuso horário não ajudou —o jogo começou à meia-noite no horário da Inglaterra, em plena quinta-feira (5). Aguentei bravamente até a metade do segundo tempo, quando tédio e sono me venceram. E soube que muita gente no Brasil, antes das 22h, sentiu o mesmo.

Vejamos o copo meio cheio. A seleção está um pouco mais organizada, não tomou gol. E é empolgante ver alguém tão grande no comando. Um dos maiores treinadores da história, cheio de títulos no currículo e que, há décadas, só circula no futebol de altíssimo nível. Acostumado a comandar estrelas e sênior o suficiente para não se dobrar a elas.

Ancelotti fez toda a carreira na Europa, mas sua conexão com o Brasil é longa. Se encantou com a seleção de 1970 quando ainda era criança. Teve parcerias vitoriosas com brasileiros que treinou, de Vini Jr, Rodrygo e cia. no Real Madrid a Kaká no Milan. Sob seu comando, Kaká conquistou a Serie A italiana, a Liga dos Campeões e foi eleito melhor jogador do mundo. Na Copa de 1994, com sua Itália, Ancelotti era assistente de Arrigo Sacchi. Foram derrotados na final justamente pelo Brasil.

Além disso, ele parece genuinamente feliz. Poderia estar se aposentando, mas topou um novo desafio. Não me surpreende, pois vejo por aqui como os europeus ainda são encantados pelo futebol brasileiro.

A questão é que o mundo se apaixonou por um Brasil que não existe e, agora, falam de um futebol “sem açúcar e sem ‘jogo bonito’”, como escreveu o repórter do jornal Marca.

Ancelotti tem contrato até pelo menos o fim da Copa de 2026, de onde sairá como herói, se o Brasil for campeão, ou possivelmente vilão, com qualquer outro desfecho.

Em uma seleção que teve muitos recomeços, em qual versão o italiano a transformará? Estrutura não faltará, mas, infelizmente, a CBF não poderá dar algo de que todo treinador precisa: tempo.

Não tem como sair satisfeito com um resultado contra uma seleção que não vence o Brasil há mais de 20 anos. Os nove gols em Espanha 5 x 4 França, no mesmo dia, aumentaram o choque de realidade

dom. Tostão, Juca Kfouri seg. Juca Kfouri ter. Sandro Macedo qua. Tostão qui. Juca Kfouri sex. No Corre/o Mundo é uma Bola sáb. Marina Izidro

Commenti

Post popolari in questo blog

Dalla periferia del continente al Grand Continent

I 100 cattivi del calcio

Chi sono Augusto e Giorgio Perfetti, i fratelli nella Top 10 dei più ricchi d’Italia?