CHOQUE DE REALIDADE


RAFAEL RIBEIRO / CBF - A primeira vez. Carlo Ancelotti, em sua estreia no comando da
seleção brasileira, contra o Equador, em Guayaquil, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo

Estreia com empate diante do Equador mostra que Ancelotti terá trabalho na seleção

6 Jun 2025 - O Globo
RAFAEL OLIVEIRA rafael.oliveira@extra.inf.br

Passados os dias de festa, veio o choque de realidade. Por mais gabaritado que seja o treinador, não é de um dia para o outro que ele achará um caminho para a seleção. E o que se viu na estreia de Carlo Ancelotti foi a mesma burocracia e falta de criatividade dos últimos meses. O 0 a 0 contra o Equador, em Guayaquil, não chega a ser um placar negativo. Mas a atuação não correspondeu nem um pouco à expectativa criada com a vinda do italiano.

—A equipe teve muita atitude, organização. A pressão ofensiva foi muito boa — comentou Ancelotti após a partida, para só depois admitir problemas. — O que poderíamos fazer melhor com a bola era um jogo mais fluido. O empate é bom, de qualquer modo. Saímos do jogo satisfeitos e ansiosos para o próximo.

Nem tudo foi decepção. A defesa, que vinha sendo um dos pontos fracos da seleção nas Eliminatórias, se saiu muito bem. Destaque para o novato Alexsandro, seguro ao lado de Marquinhos.

— Claro que era uma partida que queríamos a vitória. Mas sabíamos que era um jogo difícil também pela diferença de equipe. Eles já estão mais consolidados, vinham jogando bem. Eu acho que pouco a pouco vamos crescendo. Tivemos um sistema defensivo muito forte, sólido. Apesar de eles terem um pouco mais de posse de bola, foram poucas oportunidades para eles. Acho que esse é o caminho —comentou Casemiro.

Apesar das declarações de Ancelotti sobre fazer o Brasil jogar igual ao Real Madrid de 2023/24, em campo ele não pareceu ter tentado isso. Armou o Brasil num 43-3 clássico, o que pode ser considerado um erro. Vini Jr. e Estêvão ficaram abertos pelos lados e Richarlison, centralizado. Alex Sandro subiu pouco e formou uma trinca na saída de bola com os dois zagueiros. Com isso, Vanderson teve liberdade para subir bastante. No meio, com Casimiro próximo aos defensores, Gerson e Bruno Guimarães ficaram encarregados da ligação com o ataque.

O problema é que, nesse sistema e com esses jogadores, a transição ofensiva ficou prejudicada. Na frente, Estêvão e, principalmente, Vini tiveram pouca mobilidade. E, enquanto a joia palmeirense dobrava com Vanderson pela direita, o atacante do Real Madrid ficou isolado mais uma vez.

Mesmo assim, a maioria das poucas oportunidades surgiram pelos lados. Isso porque não havia ninguém para conduzir a bola pelo meio. Gerson e, mais ainda, Bruno, se apresentaram pouco na frente, o que deixou Ancelotti incomodado. A dupla apareceu mais tentando passes verticais por trás, mas sofreu quando o Equador pressionou a saída de bola brasileira.

Sintoma disso é que a melhor oportunidade do primeiro tempo não surgiu a partir de uma jogada construída, mas sim de uma pressão de Estêvão sobre a zaga do Equador. Na sequência do lance, a bola chegou em más condições para Vini, o que facilitou a defesa do goleiro Valle.

O lado positivo foi o comportamento sem a bola. Seja na pressão sobre a saída do rival, seja mais atrás, os jogadores procuraram se manter mais compactados.

Em alguns momentos, até houve alguma pressão do Equador. Mas, com exceção de um chute isolado por Pacho após saída errada de Alisson, o time de Beccacece não teve nenhuma grande oportunidade.

Neste sentido, o único ponto de alerta foi a facilidade com que, em alguns momentos, o Equador conseguiu passar pela direita do Brasil. Vanderson e Estêvão mostraram pouca sintonia para decidir quem deveria recompor e deixaram espaços por ali.

O segundo tempo conseguiu ser pior. O Brasil passou a apresentar ainda mais dificuldade para sair e foi muito mais exigido defensivamente do que na etapa inicial (mas soube se proteger, é bom dizer).

Se na primeira etapa a equipe conseguiu finalizar duas vezes, na segunda só chutou a gol apenas uma, numa jogada bem trabalhada pela esquerda, que terminou com uma conclusão fraca de Casemiro, aos 30 minutos.

A chegada do volante à área foi um momento raro. Os meias tiveram presença ofensiva ainda mais tímida do que na etapa inicial. E erraram mais os passes tentados.

As substituições de Ancelotti não melhoraram o cenário. Embora tenha trocado peças, o sistema foi mantido. E os problemas até se agravaram.

SEM MÁGICA

No fim, o saldo do jogo foi a constatação de que não há mágico para salvar a seleção. Será preciso paciência. Na terça-feira, em São Paulo, o time enfrentará o Paraguai. Para este jogo, Ancelotti terá três ou quatro dias de treino. A ver como o time se sairá neste compromisso.

—Claro que ele não teve tempo ainda de mostrar o seu trabalho, o seu plano de jogo, porque foram só dois ou três dias de treinamento. Acredito que a equipe, a torcida, todo mundo tem que seguir junto feliz. Porque a Copa é logo ali e temos que estar junto para fazer um excelente fim da Eliminatória e depois se preparar bem para o Mundial —pediu Vini Jr.

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