Seleção treina no CT do Corinthians e Ancelotti encontra Dorival
Dorival Jr. e Carlo Ancelotti tiveram um breve encontro
Atual e ex-treinador da equipe conversam antes do treinamento; italiano vai mexer no time para a partida contra o Paraguai
Vaga está próxima O Brasil se garante na Copa se vencer o Paraguai e a Venezuela perder para o Uruguai
8 Jun 2025 - O Estado de S. Paulo
LEONARDO CATTO
O treino da seleção brasileira ontem, no Centro de Treinamento do Corinthians, foi marcado pelo encontro entre o treinador atual e o anterior da equipe. Carlo Ancelotti e Dorival Junior trocaram algumas palavras e posaram para fotos antes da atividade, preparatória para o jogo da equipe contra o Paraguai, terça-feira, na Neo Química Arena, pelas Eliminatórias Sul-Americanas.
Dorival cumprimentou integrantes da seleção e o próprio Ancelotti na parte interna do CT, fora da visão da imprensa que acompanhava o treino. A CBF relatou o encontro como “troca de experiências e energia positiva”.
No fim de abril, um mês após ter sido demitido da seleção brasileira, Dorival assumiu o Corinthians.
No gramado, já sem Dorival ao lado, Ancelotti apareceu com um estilo mais descontraído do que de costume. Ele usava o boné para trás e até fez algumas embaixadinhas com a bola. O italiano tem sido elogia do pelo grupo de jogadores, principalmente pela simplicidade ao passar suas ideias e pelo ânimo que deu à equipe.
O goleiro Alisson revelou ontem que o treinador ainda não passou pelo “trote”, em que terá de cantar uma música para o restante da delegação.
Alisson disse que a chegada do italiano deu uma “injeção de ânimo’’ no elenco. “O Ancelotti já está trazendo tranquilidade para trabalhar. Tudo que ele pediu na última partida, ter grande atitude, compromisso uns com os outros, conseguimos fazer nessa primeira partida. Mas, quanto à parte técnica e quanto à parte tática, são coisas que temos de melhorar e vamos com o decorrer do tempo”, garantiu o goleiro.
Ele elogiou a organização defensiva que o técnico deu à seleção e que foi vista no jogo com o Equador, e acredita em evolução em pouco tempo do time.
EXPECTATIVA. Para o jogo contra o Paraguai, Carlo Ancelotti contará com o retorno de Raphinha, que cumpriu suspensão na partida contra o Equador. Há expectativa por um time mais ofensivo a partir da mudança na escalação.
A dúvida é se o atacante entrará no lugar de um dos meias (Gerson ou Bruno Guimarães), podendo atuar como um camisa 10 centralizado, ou se Estêvão sairá para dar lugar a Raphinha. Independentemente da forma tática, o jogador representa uma força individual importante para Ancelotti.
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Cutucando as feras com Kvara
Kvaratskhelia é um cara talentoso que não se cansa de não se cansar, de dar exemplo
Mauro Beting - maurobeting@uol.com.br
Oque eu queria mesmo, na pálida estreia de Ancelotti, é que a gente tivesse um Kvaratskhelia. Um atleta como ele. Eu queria na minha seleção uma pessoa como ele, que corresse atrás de Dumfries para recuperar uma bola na lateral. Eram 78 minutos em Munique. Estava 4 a 0 para o time dele. E Kvara voou como se fosse a primeira jogada da vida.
Em 35 anos de transmissões, nunca havia passado tão mal fisicamente como eu estava na final, na Allianz Arena. Mal consegui fazer o pré-jogo do SBT. Não consegui o pós. Mas aguentei os minutos finais por ver o esforço de um cara talentoso que não se cansa de não se cansar. De dar exemplo aos 10 companheiros, 11 reservas, milhões de torcedores que pareciam bilhões nas bancadas barulhentas da Baviera.
Kvaratskhelia vibrou no desarme não para jogar pra galera – como no Brasil que hoje se aplaude mais bico pra lateral do que drible do Yamal. Ele parecia que não chegaria nunca naquelas bolas e nesse caneco tão merecido que quase foi perdido ainda na fase de liga. Até o PSG atropelar rivais como se não houvesse adversários.
Kvaratskhelia chegou em janeiro a Paris. É daqueles que não precisam de uma semana de treinamento, apenas de uma vida de entendimento.
O que peço agora. Para não dizer sempre. Paciência com quem começa. E cobrança para quem só joga com a bola. Algo que o Brasil de 1970 já dava aula só deixando Pelé à frente da pelota. Há décadas não cola mais que craque não precisa marcar. O que mais fez o PSG sem craques em Munique. Como o Bayern de 2013 fazia com os pontas Robben e Ribèry voltando até o fim para ajudar. Como o Brasil precisa recomeçar também marcando como Irlanda para atacar como Holanda.
A gente precisa de jogadores como Kvaratskhelia. Onze zagueiros sem a bola marcando a saída do goleiro lá na frente, onze atacantes a partir do próprio goleiro. Não é só suor. É saber que hoje não tem mais espaço para quem dá brecha.
No nosso cantinho canarinho, sem tempo pra treinar, não se pode cobrar o novo técnico por aquilo que os anteriores não deixaram. Mas se pode querer de cada um que jogue por cada um de nós. E por todos eles. Como Luis Enrique foi tudo por Xana, sua filha levada pelo câncer, em 2019. Como seu auxiliar Rafael Pol fez tudo pela sua mulher Raquel, que partiu há seis meses. Como o Brasil tem lindas histórias de luta e de vida de Vini, Raphinha, Neymar. Gente que luta contra preconceitos, ajuda comunidades, levanta bandeiras. E também pode correr mais atrás dos rivais. Não só no placar.
COMENTARISTA DO SBT, TNT SPORTS, JOVEM PAN E EFOOTBALL. DOCUMENTARISTA E ESCRITOR, CURADOR DO MUSEU PELÉ E DO MUSEU DA SELEÇÃO BRASILEIRA

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